Atividade física em dias poluídos: descubra os riscos e cuidados essenciais para sua saúde
Poluição Atmosférica: Riscos de Exercícios ao Ar Livre em Grandes Cidades Brasileiras
A prática de atividades físicas ao ar livre deve ser cuidadosamente avaliada em face dos riscos associados à poluição ambiental, conforme alertam especialistas. Em diversas cidades brasileiras, a qualidade do ar tem se deteriorado significativamente, sobretudo devido ao acúmulo de fumaça proveniente de queimadas, exacerbando os riscos para a saúde pública.
De acordo com o pneumologista Gustavo Prado, coordenador da Pneumologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a poluição atmosférica não se restringe às áreas próximas aos focos de incêndio. “Há um transporte intenso desses poluentes através de grandes correntes aéreas, que levam a fumaça até regiões distantes“, explica. Esse fenômeno, aliado à poluição urbana advinda de veículos automotores, altas temperaturas e baixa umidade do ar, compõe um cenário preocupante para a saúde respiratória e cardiovascular da população.
Os impactos imediatos incluem crises respiratórias agudas, arritmias cardíacas e um aumento no risco de infartos e derrames entre indivíduos predispostos. A longo prazo, a exposição contínua pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas e certos tipos de câncer. Prado destaca que a combinação da poluição atmosférica e domiciliar resulta em aproximadamente 7 milhões de mortes anuais globalmente, com 10% dos casos de câncer de pulmão sendo atribuídos à má qualidade do ar.
Nesse contexto adverso, é fundamental adotar precauções ao realizar exercícios físicos ao ar livre. Embora a prática regular de atividade física contribua para mitigar os efeitos inflamatórios da poluição e reduzir a mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares em pessoas saudáveis, ela pode agravar as condições daqueles com fragilidades preexistentes. Durante o exercício, o aumento na taxa respiratória eleva a inalação de poluentes; uma pessoa em repouso respira cerca de 6 litros de ar por minuto, enquanto durante o exercício esse volume pode subir para 20 litros.
O pneumologista Frederico Fernandes, do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), sugere que a decisão sobre praticar ou não exercícios ao ar livre deve considerar tanto os níveis de poluição quanto as condições individuais de saúde. Ele recomenda monitorar o Índice de Qualidade do Ar (IQA), disponível em aplicativos específicos e sites como IQAir. Quando o IQA ultrapassa 100, pessoas vulneráveis devem preferir atividades internas; acima de 150, recomenda-se que todos evitem exercícios ao ar livre; e índices superiores a 200 indicam que nenhuma atividade física deve ser realizada fora de ambientes controlados.
Em 9 de outubro, por exemplo, São Paulo registrou um IQA de 158, posicionando-se entre as cidades com pior qualidade do ar no mundo naquele dia. Porto Velho, em Rondônia, apresentou uma situação ainda mais crítica com um IQA de 233, representando um perigo iminente para toda a população local.
Para minimizar os impactos da poluição durante atividades físicas, mesmo jovens saudáveis devem estar atentos aos potenciais riscos. Ainda há incertezas científicas sobre os efeitos exatos da prática esportiva em condições de ar insalubre. Portanto, medidas preventivas e monitoramento constante da qualidade do ar são essenciais para proteger a saúde pública em tempos de crescente poluição ambiental.