Saúde mental é ouro: psiquiatra revela importância do bem-estar psicológico

Durante as Olimpíadas realizadas em Paris este ano, o cuidado com a saúde mental emergiu como um dos principais tópicos de discussão. O evento, que reuniu atletas de todo o mundo em 39 modalidades esportivas, destacou a importância do equilíbrio entre a saúde física e mental para a obtenção de resultados superiores.

O psiquiatra Dr. Antônio Carlos de Carvalho Reiners enfatizou que a saúde mental é crucial tanto nas competições esportivas de alto rendimento quanto na vida cotidiana. “Estamos constantemente sujeitos a pressões intensas. Portanto, priorizar a saúde física e mental é essencial. Trazer esse tema para o centro das discussões públicas é vital e demonstra que cuidar da saúde mental é tão valioso quanto conquistar medalhas”, afirmou Reiners.

Conforme dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), a procura por tratamentos de saúde mental tem aumentado significativamente, com um crescimento de 44,5% nas consultas psiquiátricas nos últimos cinco anos. As consultas saltaram de 3,4 milhões para 4,9 milhões, evidenciando uma crescente conscientização sobre a necessidade de atenção à saúde mental, especialmente entre os jovens.

Dr. Reiners comparou as pressões enfrentadas pelos atletas às vividas pela população em geral. “A sociedade nos impõe uma constante necessidade de superação, seja no trabalho ou na vida pessoal. Essa pressão excessiva pode resultar em estresse psicológico severo, levando à ansiedade, depressão e outros problemas mentais. O medo de falhar ou não atender às expectativas pode ser devastador, afetando todos os aspectos da vida“, explicou o especialista.

Antes mesmo da pandemia, o Brasil já liderava os índices globais de ansiedade. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2017 revelou que 18 milhões de brasileiros sofriam de algum tipo de distúrbio relacionado à ansiedade, representando 9,3% da população. A depressão também atingia 12 milhões de pessoas no país, sendo a maior prevalência na América Latina.

Com a pandemia, esses distúrbios se intensificaram. Dados do Fórum Social Mundial indicam que cerca de 53% dos brasileiros relataram um agravamento em seu bem-estar mental em 2020.

A Associação Brasileira de Psiquiatria estima que transtornos mentais estão associados a 96,8% dos casos de suicídio no Brasil. Fatores psicológicos, genéticos, sociais e ambientais contribuem para esses transtornos, sendo os problemas financeiros particularmente impactantes para as populações mais vulneráveis.

“Nem sempre uma pessoa doente consegue buscar ajuda profissional sozinha. Por isso, é crucial que familiares e amigos estejam atentos para oferecer suporte e acolhimento. O suicídio é uma tragédia que pode ser evitada com cuidados adequados“, alertou Dr. Reiners.

Estudos indicam que a depressão é o principal distúrbio psicológico relacionado ao suicídio. Pacientes com Transtorno Afetivo Bipolar, dependência química e alcoólica, esquizofrenia ou transtornos de personalidade (principalmente antissocial e borderline) também estão em risco elevado de tentativa de suicídio.